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A Guerrilha do Araguaia na Ditadura Militar #114

Durante a década de 1970, o sul do Pará e o norte de Goiás se transformaram em uma verdadeira zona de guerra.

Aqui, o exército brasileiro organizou a sua maior movimentação de tropas desde a 2º Guerra Mundial.

Mais de 10 mil homens do exército, incluindo da Marinha, Força Aérea e Polícias Militares foram enviados para combater 89 guerrilheiros da Guerrilha do Araguaia, criada pelo PCdoB.

Por isso, o Araguaia foi chamado de “O Vietnã Brasileiro” por alguns.

Inspirada nas revoluções de Cuba, China e Vietnã, integrantes do PCdoB chegaram a conclusão que a “revolução brasileira” deveria começar pelo campo, mais especificamente no Araguaia.

Com sua mata fechada, rios abundantes e numerosas serras, a região do Araguaia serviria como abrigos geográficos dos tanques, helicópteros e aviões do exército.

De lá, a ideia era que o movimento se espalhasse para outras regiões do país, convocando a população camponesa brasileira a integrar a guerrilha e derrubar a ditadura militar.

Assim, nasceu a Guerrilha do Araguaia. Durante quase 8 anos, homens e mulheres das mais variadas idades e classes sociais, caçaram, treinaram e sobreviveram em meio à Amazônia, gestando no Araguaia um movimento auto suficiente que tinha como objetivo deflagrar uma guerra popular prolongada.

Campeões de boxe, garimpeiros, professoras, enfermeiras e até dirigentes que trocavam cartas com Mao Tsé-Tung participavam da guerrilha.

Mas antes que os comunistas estivessem prontos para exportar a revolução para os camponeses, os militares já tinham sido alertados da existência do grupo.

Tal como aconteceu com Canudos, a guerrilha resistiu até o fim, repelindo diversas excursões e campanhas do exército ao longo de alguns anos.

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Fontes (2):

Guerrilha do Araguaia: A Esquerda em Armas – Romualdo Pessoa Campos Filho.

Guerrilha do Araguaia: a dívida histórica com os mortos e os desaparecidos políticos

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Dicas Culturais (7):

1: Soldados do Araguaia

Dirigido por Belisario Franca, com muitos relatos de soldados que estiveram envolvidos com as operações, e que nos seus relatos dão detalhes dramáticos de como era a vida no chamado “Vietnã Brasileiro”. Esse filme inteiro está disponível para você assistir de graça no youtube.

2: Osvaldão – 2015

Feito por André Michiles e Fábio Bardella, esse filme-documental, tem alguns trechos narrados sobre a vida desse guerrilheiro, trazendo mais detalhes da sua época na Tchecoslováquia, sua vida no Rio de Janeiro e seu período de garimpagem.

3: Batismo de Sangue

Baseado no livro escrito pelo Frei Betto, narra a corajosa empreitada de jovens frades dominicanos, no final dos anos 1960, que ajudavam a esconder militantes opositores à ditadura e, em alguns casos, conseguiam até tirá-los do país. Entre os protegidos, estava até o Carlos Marighella. O filme também mostra o terrível preço que alguns desses frades pagaram, sendo presos, violentamente torturados e alguns deles até assassinados.

4: Pra Frente Brasil

Lançado em 1982, é um daqueles filmes obrigatórios para quem estuda história do Brasil.

O protagonista da história, o Jofre, um trabalhador de classe média que se mantém distante de temas políticos em um Brasil já mergulhado na ditadura militar, ele namora uma militante opositora ao regime. Certo dia, durante a copa do mundo de 1970, o Jofre divide um táxi com um homem que é acusado de integrar grupos revolucionários, e acaba preso por engano. Na prisão, o cara passa a ser torturado e interrogado continuamente.

Apesar de ficcional, essa história é muito parecida com o que ocorreu com milhares de pessoas por todo o Brasil, cidadãos comuns que só por serem confundidos com opositores do regime, eram presos e sofriam coisas horrorosas na mão da PM e dos milicos, e claro, mostra com bastante fidelidade como era a pressão e abuso psicológico que acompanhava as sessões de tortura, além do desespero dos familiares que ficavam a procura dos entes queridos desaparecidos.

5: Que Bom te Ver Viva

Um documentário pouco conhecido, lançado em 1989, mas muito importante e que tem muito a ver com essa nossa pauta aqui, pois narra a vida de algumas mulheres brasileiras que pegaram em armas contra o regime.

Nele a gente vê uma série de depoimentos de ex-guerrilheiras, onde elas explicam como foi o processo dessas mulheres se recuperaram, cada uma à sua própria maneira, do trauma de serem presas, torturadas e abusadas violentamente nos porões da ditadura. O filme inclusive foi feito pela diretora Lúcia Murat, que foi vitima de tortura durante a ditadura militar.

6: Cabra Marcado Para Morrer

De 1984, esse é um filme é forte. Esse foi um filme que tentaram filmar em 1962, mas teve as filmagens interrompidas pelo golpe de 1964, e até parte da equipe de filmagem foi presa sob a alegação de serem comunistas e o restante teve que se dispersar.

Cerca de 17 anos depois, o diretor do filme voltou ao local que ele estava documentando para terminar de contar a história de João Pedro Teixeira, um líder camponês da Paraíba, assassinado em 1962. Para isso, ele filmou depoimentos dos camponeses que trabalharam nas primeiras filmagens e também da viúva de João Pedro, a Elizabeth Altino Teixeira, que desde dezembro de 1964 vivia na escondida, separada dos filhos.

Finalmente então pode ser reconstruída a história de João Pedro e das Ligas camponesas da região da Galiléia e de Sapé, que tentavam lutar pelos direitos dos moradores pobres do sertão.

7: Brasil Nunca mais.

O livro é um copilado de documentos da própria ditadura militar, copilado por um grupo de especialistas que se dedicou durante 8 anos para reunir cópias de mais de 700 processos políticos que tramitaram pela Justiça Militar, entre abril de 1964 e março de 1979, e nesses processo, documentos escritos pelas mãos dos próprios oficiais militares, estão detalhados como eram as tecnicas de tortura, perseguição e assassinato de presos políticos.

É um show de horrores, mas é uma ferida que a gente nunca jamais deve deixar curar, pra jamais esquecer dos crimes que o nosso país é capaz de cometer.

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