Dos Cortiços às Favelas #36
![](https://geopizza.com.br/wp-content/uploads/2020/10/Geopizza-036-Do-cortico-as-Favelas-1024x576.png)
Em 1904 mais de 700 casas foram destruídas e 14 mil pessoas desalojadas para dar espaço à atual Avenida Rio Branco no Rio de Janeiro.
A população, movida para as periferias, concentrou-se principalmente para o Morro da Providência, criando suas casas da forma que podiam.
Epidemias, crises econômicas e aluguéis caros não são exclusivos de 2020: enfrentamos esses elementos há séculos.
A partir de 1850 o Brasil ia de um país agrário para uma nação industrial, contudo muitas capitais provincianas não tinham planejamento urbano ou saneamento básico.
A chegada de levas de imigrantes portugueses explicitava que o país não tinha casas para comportar os próprios brasileiros, quem dirá os europeus.
Ao longo do século 19, com a aprovação da Lei Eusébio de Queiroz e do Ventre Livre, o número de escravizados libertos a procura de moradia crescia exponencialmente.
Os alugueis mostravam-se caros para a realidade de qualquer afrodescendente no Brasil, levando muitos a viverem em moradias comunitárias, junto com outros imigrantes pobres.
Esses eram os cortiços, não bem vistos pela autoridades brasileiras, conhecidos por abrigar “os mais diversos vícios e imoralidades”.
Na visão dos higienistas, responsáveis pelo saneamento da cidade, os cortiços eram responsáveis por gerar (não transmitir) doenças como a febre amarela.
Com a abolição da escravatura em 1888, milhares de ex- escravizados habitaram novos cortiços, que muitas vezes eram antigas mansões de seus senhores convertidas em moradias comunitárias.
Com a proclamação da república através do golpe de Deodoro, os higienistas tornaram-se mais influentes em todo Brasil, ascendendo a cargos de poder.
O higienista Barata Ribeiro foi eleito prefeito do Rio em 1892 e em sua visão, eliminar os cortiços e as “classes perigosas” era tão ou mais urgente quanto a vacinação da população.
Apoie o Geopizza
Esse podcast só foi possível graças a ajuda de nossos apoiadores. Auxilie o Geo a continuar produzindo seus podcasts quinzenais e publicação diária nas redes através do https://apoia.se/geopizza ou https://app.picpay.com/user/geopizzza
Cardápio da Semana (dicas culturais)
Livros: Sidney Chalhoub – Epidemias na corte imperial – 1996
O Xangô de Baker Street – 1995
Filmes:
O Vendedor de Linguiça – 1962Madame satã
Site: Caos planejado
Links úteis: Mapa do Rio de Janeiro 1850 Censo IBGE 1872
Fontes:
Sidney Chalhoub – Cidade Febril, Epidemias na corte imperial – 1996
![](https://geopizza.com.br/wp-content/uploads/2020/09/Geopizza-035-A-Tragedia-Toxica-de-Bhopal-75x75.png)
A Tragédia Tóxica de Bhopal #35
![](https://geopizza.com.br/wp-content/uploads/2020/10/Geopizza-037-A-Revolta-da-Vacina-75x75.png)
A Revolta da...Vacina? #37
Você pode gostar
![](https://geopizza.com.br/wp-content/uploads/2020/05/Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa-500x281.jpg)
As Maiores Epidemias da História #25
03/05/2020![](https://geopizza.com.br/wp-content/uploads/2020/02/Geopizza-019-O-PARADOXO-DO-IRA-500x281.png)
O Paradoxo do Irã #19
16/02/2020![](https://geopizza.com.br/wp-content/uploads/2020/12/Geopizza-040-Do-Nazismo-a-Nasa-Wernher-Von-Braun-500x281.png)