A Revolta da…Vacina? #37
Em 1904 o governo de Rodrigues Alves sanciona uma lei que todos brasileiros deveriam submeter-se a vacina da Febre Amarela.
A República da Espada já era bastante impopular, seja por genocídios como de Canudos, ou pela criminalização de moradias populares.
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Agora, a obrigatoriedade da vacina acenderia o pavio da insatisfação popular.
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A Revolta da Vacina é normalmente abordada como uma população ignorante resistente aos avanços científicos. Porém o menor detalhe da revolta, foi a vacina.
Pobres agora sem moradia devido às reformas como a Avenida Central e sem emprego devido a crise econômica, deveriam ser vacinados e acompanhados por meses pela polícia e pelos higienistas.
Críticas contra a vacina eram abertamente publicadas nos jornais do Brasil desde 1830, por médicos, doutores e governadores. A vacina, “injetaria materiais pútridos” e levaria a “degradação da espécie humana”.
O país nunca teve uma campanha de vacinação, muito menos de comunicação sobre as vantagens da substância.
Durante todo o 2º Reinado, a vacinação era opcional e em 1904, tornou-se subitamente obrigatória, motivada pelas crescentes epidemias que assolavam as capitais brasileiras.
Militares que discordavam do governo de Rodrigues Alves – jacobinos e florianistas – viram um oportunidade de articular um golpe de estado através da insatisfação popular.
O senador Lauro Sodré, fundou a Liga Anti-Vacina que realizava comícios e distribuía panfletos aos cariocas, em uma tentativa de moldar a massa popular em um projeto de governo.
Durante 2 semanas o Rio de Janeiro tornou-se cenário de Guerra Civil, com o Exército, Bombeiros e Marinha bombardeando a cidade, levando a destruição de bairros periféricos como a Gamboa e Saúde.
Os revoltosos foram capturados e deportados para o Acre, na qual deveriam trabalhar na extração de borracha, vendidos para donos de terra.
As raízes da escravatura ainda eram presentes nas prisões do início do século 20, na qual muitos revoltosos eram marcados com cicatrizes através do açoite para ser identificado futuramente por autoridades.
Fontes:
Livro A Revolta da Vacina: Mentes Insanas em corpos rebeldes de Nicolau Sevcenko – 123 páginas
Artigo sobre o Golpe da Escola Vermelha