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Klan: O Renascimento de um Império #100

Em 1925, a Klu Klux Klan tinha mais de 6 milhões membros, infiltrados em todos os setores da sociedade dos Estados Unidos.

No estado da Indiana mais de 30% da população era filiada à Klan; no Oregon, 40%.

Contra a imigração, o álcool e a integração racial, todos que desvirtuassem dos seus princípios estavam condenados a linchamentos e execuções.

No sul, a organização influenciou outros movimentos suprematistas, responsáveis por destruir as residências, lojas e bairros de afro-americanos.

Apenas em 1919, mais de 60 desses ataques ocorreram, o que levou à milhões de afro-americanos deixarem o sul para morar no norte e oeste do país.

Um imigrante chamado Henry Adams, que deixou a cidade de Shreveport, Louisiana, falou que:

“Todos os estados do Sul caíram nas mãos dos mesmos homens que nos escravizaram. “

Empregando profissionais de relações públicas, um jornal próprio e até uma banda musical, a Klan tornou-se multifacetada:

Havia uma sessão da organização destinada à meninos adolescentes, a “Junior Ku Klux Klan”, enquanto as meninas ingressavam na “Tri-K-Klub” e crianças e bebês, na “Ku Klux Kiddies”

Havia também um clube específico para mulheres: a Women of the Ku Klux Klan foi criada em 1923, conquistando 250 mil membros em poucos meses.

Esses clubes eram mobilizados para organizar desfiles, palestras, comícios e boicotes a empresas locais pertencentes a afro-americanos, católicos e judeus.

Espalhando-se em uma velocidade recorde, a KKK chegou até o Canadá, onde fazia oposição a imigração afro-americana e a grupos católicos.

A Klan estava até mesmo nas telas de cinema: um filme que vangloriava os Cavaleiros da Klan, chamado “O Nascimento de uma Nação” fez tanto sucesso no país que foi exibido dentro da Casa Branca e para o Presidente Woodrow Wilson, que disse:

“É tudo terrivelmente verdadeiro.“

Tamanho foi a força da Klan que em 8 de agosto de 1925 mais de 50 mil membros marcharam na frente da Casa Branca, em Washington.

Entretanto, a Klan encontrava resistência de diversos grupos, como a Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor, a NAACP, que denunciava os abusos do grupo, realizando lobby contra os governadores e prefeitos inseridos pela KKK.

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Fontes

– The Second Coming of the KKK: The Ku Klux Klan of the 1920s and the American Political Tradition, de Linda Gordon.

– Hooded Americanism: The History of the Ku Klux Klan, de David M. Chalmers.

– O Xerife Negro: No Tribunal da Ku Klux Klan, de J. Aphonso

– KLAN: Killing America: The original stories of the Ku Klux Klan, de Ken Rossignol

– Infiltrado na Klan: Desmascarando o ódio, de Ron Stallworth, uma história real que inspirou o filme.

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Dicas Culturais: Filme The Birth of a Nation (1915)

O filme, que tem cerca de 3 horas de duração, você encontra inteiro no youtube. Uma obra de arte que é um sintoma de sua época, e por isso mesmo, precisa ser revisitada e estudada pra gente não esquecer o passado racista e o quanto esse racismo era consenso entre uma fatia grande da população. Tempo de Matar, de 1996 O filme se passa em Em Clanton, no Mississippi, onde um jovem advogado destemido e sua assistente defendem um homem negro, acusado de assassinar dois homens brancos que estupraram sua filha de dez anos. O caso acaba incitando a violência e a vingança da Ku Klux Klan.

Malcolm X (1992) Esse épico biográfico narra a vida do influente líder afro-americano Malcolm X, desde sua juventude e carreira como um pequeno gângster, até a virada onde ele vira religioso e se tornar ativista pelos direitos Civis.

The Autobiography of Miss Jane Pittman, de 1974

Conta a história real de uma mulher negra do Sul que nasceu na escravidão, na década de 1850, e vive para se tornar parte do movimento dos direitos civis na década de 1960. Apesar de antiguinho, é um retrato muito foda sobre as mudanças que os EUA passaram durante 90 anos, tudo testemunhado por uma mulher que viveu o suficiente pra ter muito pra contar.

Louis and the Nazis, 2003

Documentário onde o jornalista e prolífico documentarista Louis Theroux viaja para a Califórnia para conhecer o homem apelidado de “o racista mais perigoso da América”; Tom Metzger, sua família e seu gerente de publicidade Cross of Fire, de 1989

Dramatiza em detalhes as tretas do líder da Ku Klux Klan, D.C. Stephenson.

KKK: The Fight for White Supremacy, de 2015

Um documentário onde o cineasta Dan Murdoch entrevista um grupo da Ku Klux Klan, que na época, afirmava estar no meio de um renascimento, com um aumento no número de membros em todo os estados do sul. Filme recomendadíssimo, pois mostra o quanto a organização ganhou força e adeptos durante o governo do presidente Obama, e ainda mais apoio após a eleição do Trump.

NESHOBA, 2008

Conta a história de uma cidade do Mississippi ainda dividida pelo caso do assasinato de 3 ativistas pelos direitos civis na década de 1960, James Chaney, Andrew Goodman e Michael Schwerner.

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